Uma pesquisa inédita divulgada pelo Ministério da Educação aponta que só 4 em cada 10 crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas em 2021. Em 2019 eram 6 em cada 10.
Agatha Gonzalez de 8 anos, moradora de Mogi das Cruzes, está no 3º ano do ensino fundamental. A menina enfrentou um longo processo antes de conseguir ler. Antes ela via os desenhos nos livros, mas não conseguia entender a história. “Acho que eu colocava uma resposta errada, porque eu não sabia ainda.”
Agatha estava no início da alfabetização quando veio a pandemia. Foi um processo difícil de entendimento e adaptação ao sistema on-line. A professora passava o assunto mas não estava sendo suficiente para a pequena aprender. “Eu não pedia a lição, eu pedia ajuda para os meus amigos.”
A auxiliar de limpeza Leila Oliveira ficou preocupada quando percebeu que a filha não estava acompanhando o ritmo das aulas on-line. “Foi um pouco complicado, porque a pandemia vinha, trazia trabalho para fazer em casa e eu trabalhando fora também ajudava pouco. Às vezes não tinha internet e às vezes ela trazia trabalho e não conciliava com o meu horário. Mas agora está bem melhor.”
Agatha saiu da estatística do analfabetismo, mas ainda está aprendendo a interpretar os textos. Uma pesquisa aponta que o Brasil ficou entre os últimos colocados em um ranking internacional de leitura que avaliou o desempenho dos estudantes do 4º ano do ensino fundamental. O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes de 13 mil escolas.
No Brasil participaram quase 5 mil alunos de 187 unidades de ensino. A avaliação apontou que aproximadamente 38% dos estudantes brasileiros não dominam as habilidades básicas de leitura. “Essa habilidade é uma interpretação. Então, nós trabalhamos sempre com eles algumas atividades, principalmente as datas comemorativas. E foi trabalhando com eles frases, palavras, rimas”, explica Bárbara Souza, coordenadora pedagógica de uma escola particular de Mogi das Cruzes.
Mesmo com todos os recursos a estudante Gabi Cândido, de 8 anos, sentiu dificuldade de adaptação logo no início das aulas on-line “Um pouquinho mais difícil porque a gente não estava presencial. Às vezes não dava para escutar porque a gente não sabia que o volume estava baixo, mas eu consegui.”
Cada aluno tem um ritmo de aprender. Para Alice Vilardi, de 9 anos, foi tranquilo passar a maior parte da alfabetização atrás de um computador. “Foi um período difícil, mas ao mesmo tempo legal. Quando era por vídeo a professora fazia brincadeira, quando era festa junina ela se vestia de caipirinha. Eu tive que ficar mais em casa, mas eu gostava bastante.”