A pessoa responsável pelo perfil falso envia uma foto íntima e, após isso, revela ter outra identidade, afirma que a foto compartilhada era de uma adolescente e que, caso a vítima não envie dinheiro, será denunciada para a polícia por pedofilia.
Perfil falso em redes sociais, troca de mensagens e até envio de fotos íntimas. Esse é o novo método usado por criminosos para aplicar golpes virtuais. Segundo um morador do Alto Tietê que preferiu não ser identificado, a pessoa responsável pelo perfil falso envia uma foto íntima e, após isso, revela ter outra identidade, afirma que a foto compartilhada era de uma adolescente e que, caso a vítima não envie dinheiro, será denunciada para a polícia por pedofilia.
“Eu tava na internet, mandei mensagem para determinada pessoa, comecei a trocar ideia e ela já me respondia, aí ela me enviou uma foto e um vídeo em que estava nua. Depois, a pessoa começou a falar que se chamava Doutor Cândido e que a menina das fotos tinha 13 anos, era ‘de menor’. O doutor falava que se eu não depositasse o dinheiro que ele pediu, ele ia na polícia me denunciar e eu ia para a cadeia”, conta a vítima, de 50 anos.
Os criminosos pediram R$ 800 via PIX. A vítima conta que depositou somente R$ 300 e começou a procurar por advogados na internet. “Mandei mensagem para uma advogada, ela falou para eu ir na delegacia para registrar boletim de ocorrência. Dois dias depois eu recebi a resposta falando que era golpe”, relata.
Outra vítima, de 60 anos, que também preferiu não ser identificada, conta que começou a conversar com uma menina que dizia ter 19 anos. “Um dia ela me perguntou se eu estava sozinho, respondi que sim e ela começou a me mandar fotos e vídeos íntimos. Depois disso, ela pediu para eu mandar fotos da minha parte genital também. Eu tirei uma foto e mandei para ela. Passou um tempo e um homem me ligou dizendo que era tio dela, que ela era menor de idade e que não iria ficar assim”.
Embora os criminosos tenham pedido uma quantia em dinheiro, a vítima afirma que não pagou nenhum valor.
Como evitar
No período de um ano, o advogado criminalista Luciano Carlos Galvão conta que atendeu 50 vítimas de extorsão virtual. A maioria, homens entre 30 e 50 anos.
“Quando os criminosos chegam até as vítimas, eles já levantaram algumas informações sobre aquela pessoa. Eles já sabem com o quê a pessoa trabalha, quais são os familiares… Eles conseguem contornar bem a situação para colocar a vítima em uma situação de vulnerabilidade e aplicar o golpe”.
Galvão explica que são registrados poucos boletins de ocorrência sobre a situação porque as vítimas se sentem envergonhadas. O crime se enquadra em extorsão e, como muitas vezes é aplicado por várias pessoas ao mesmo tempo, se trata também de associação criminal. A pena, somando os dois crimes, pode chegar a até 14 anos de reclusão.
“Para evitar cair em um golpe assim, a primeira dica é suspeitar de qualquer facilidade que chegue até você. A segunda é tomar cuidado com as informações que são expostas na internet, como parentesco, onde trabalha, hobbies. Tudo pode ser usado pelos golpistas”, conclui