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Cartão de visita

Rubião ostentava com orgulho sua personalidade casmurra e antipática. Dispensava aversão à sociedade e orgulhava-se pelos poucos amigos conquistados. Sempre sob égide de ser pessoa autêntica. Entende que se agir com cordialidade, estaria sendo desonesto consigo próprio.

O jovem agrupava boas virtudes e queria ser reconhecido por seus valores. A personalidade que repelia pessoas, causava a ele regozijo, pois entendia que, dessa forma, exercitava sua autenticidade. Em sua rotina, era natural não dar “bom dia”, bem como não responder aos “bons dias” de pessoas educadas. O “próximo” para ele era sempre um “distante”.

Em seu ambiente laboral, sempre isolado no refeitório e o diálogo era com poucos. Sua seletividade era notória.

Na empresa, um dos gerentes aguardava poucos meses para conquistar a esperada aposentadoria e a lacuna seria preenchida com algum colaborador. Rubião acreditava em seu potencial e imaginou que a união de sua competência e honestidade seria o divisor de águas. Confiante e ansioso aguardou a entrevista com o superintendente. O cargo era disputado por três pessoas e para sua decepção, o escolhido foi outro. Sobre os testes de potencial administrativo, houve empate. O desempate se deu pelo comportamento espontâneo em face de seus colegas. A empatia, a simpatia. Algo que o colega Miro sobressai anos luz à frente.

A decepção de Rubião levou-o a profunda melancolia, pois estava confiante na vaga. Sentiu-se desvalorizado como pessoa. Seu esforço, honestidade, de nada valeu?
Em desabafo ao zeloso pai, este, conhecedor da personalidade truculenta do filho, aproveitou o dissabor experimentado pelo descendente para chamá-lo para a realidade.

Disse: —– filho, independente das virtudes que possuímos, a educação e simpatia funcionam como cartão de visita. Imagine você chegar em um comércio para efetuar uma compra. O vendedor te recebo com desdém, demonstrando insatisfação ao atende-lo. O que você faria? Respondeu Rubião que desistiria da compra e o deixaria falando sozinho. Aí o pai asseverou: —mas e se o vendedor for uma pessoa de caráter, de boas virtudes? Nesse momento, Rubião passou a entender o discurso do pai, que em seu sermão, exprimiu que educação e simpatia tratavam-se de “cartão visita” da pessoa. O fato de ser portador de boas virtudes não exime a pessoa de ser simpática, afinal, assim como gostamos de receber uma trato respeitoso, devemos também fazê-lo.

Um sorriso, um bom dia, um ato de gentileza, por mais singelo que pareça, abre portas e pode florir o dia de quem o recebe.

André Luiz Costa de Melo Escrivão de PolÍcia- 1º DP de Suzano

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