Ariane Polizel atua no atendimento da rede municipal de ensino para pessoas surdas e interpretou o samba-enredo da escola Mocidade Alegre
A professora da Escola Municipal Damásio Ferreira dos Santos, Ariane Polizel, foi destaque como intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) no desfile da campeã, Mocidade Alegre, pelo Grupo Especial do Carnaval de São Paulo. A educadora esteve ao lado do carro de som com os cantores da escola do bairro do Limão, zona norte da capital, promovendo mais visibilidade da língua de sinais ao público presente no Sambódromo do Anhembi, no sábado de Carnaval (10/02).
Ela atua desde 2010 na rede municipal de ensino e interpretou o samba-enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”. Durante o desfile, Ariane pôde passar às pessoas surdas e com deficiência auditiva o repertório da grande vencedora do Carnaval paulistano.
Ariane destacou a felicidade de poder interpretar a mensagem da escola diretamente do desfile. “A gente sempre tem a projeção do samba-enredo por meio do projeto ‘Samba com as mãos’ para que o surdo possa ter acesso, mas este ano as escolas permitiram que a Libras entrasse também. Essa decisão foi muito importante porque traz a língua de sinais como necessidade, para se olhar por essas pessoas. Acho que a tendência agora é melhorar ainda mais para que elas tenham conhecimento de todo o desfile”, afirmou Ariane.
Em um cenário atípico de movimento durante o desfile e com uma letra recheada de metáforas, Ariane teve que se sobressair para passar a mensagem de forma clara e objetiva ao público. “Tivemos um momento de estudo antes do desfile. Os cantores também tiveram conversas com os compositores, buscando as melhores escolhas na tradução entre as línguas. Quando se pega a letra do samba, há várias informações em forma de poesia e precisamos entender qual o significado delas. A língua de sinais é muito objetiva, se há uma metáfora, o surdo precisa entender o significado da mensagem”, afirmou.
Em Suzano
Atuando há cerca de 14 anos na rede municipal, Ariane viu as políticas públicas para surdos mudarem ao longo do tempo. Mas foi somente em 2017, sob a atual gestão, que a organização de um Polo de Educação de Surdos começou a se tornar uma realidade. Atualmente, a professora trabalha com 15 alunos de várias idades, desde as que integram o G4 até o 5º ano do ensino fundamental, por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE). “O surdo precisa estar com outros surdos, porque ele precisa se reconhecer e aprender a língua de sinais. O polo na escola Damásio foi obtido com muita luta, então a gente acolhe a criança desde o G4 até o momento em que ela vai sair para o 6º ano. Temos hoje uma sala bilíngue e toda a escola tem aula de libras”, afirmou Ariane.
O secretário municipal de Educação, Leandro Bassini, parabenizou a professora pela participação e enalteceu o trabalho realizado por mais inclusão. “A Ariane fez um grande trabalho no desfile e também é muito atuante na rede municipal. Eles são importantíssimos para dar suporte não só aos surdos, mas a todas as pessoas que possuem algum tipo de deficiência nas escolas. É um trabalho que ainda está evoluindo, temos muito a fazer, mas fico muito feliz com o que alcançamos até o momento”, finalizou Bassini.
Crédito das fotos: Divulgação/Secop Suzano