InícioFábio Ap. Doll de MoraesEpilepsia no Brasil: Uma Realidade Invisível e Desafiadora

Epilepsia no Brasil: Uma Realidade Invisível e Desafiadora

Estou falando de pessoas que tem episódios de Epilepsia.
Não se fala muito disso. A moda hoje é falar dos deficientes, em especial, dos mentais.
Mas o quê??? Claro que você percebeu minha ironia. Isso mesmo! Para quem não captou, vou ser específico: pessoas com Epilepsia que não tem associação de outra comorbidade, autismos, etc. não são consideradas nem equiparadas a PCD.
Nosso Legislador cochilou e deixou passar esse pequeno pormenor, que atinge mais de quatro milhões de brasileiros. O constituinte de 1988 já não sabia o que era pessoa com deficiência. Vai que a Emenda 45 de 2004 não é aprovada e não se cria o parágrafo 3º do artigo 5º, aí a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo não entrariam para nossa legislação com o status de EMENDA CONSTITUCIONAL e estaríamos com um texto constitucional deficiente.
O que importa é que o Constituinte e o Legislador dos dias de hoje não levaram em consideração o paciente com Epilepsia.
Logo, estes, não são recepcionados como Pessoas Com Deficiência, quando muito, se derem sorte e forem de baixa renda, conseguem encaixar-se no Benefício Continuado Permanente e recebe além dos medicamentos, uma ajuda da Lei Orgânica da Assistência Social de um salário-Mínimo.
Caso consiga uma colocação no mercado de trabalho, que é extremamente preconceituoso na seleção de empregos, sua vida estará em constante risco graças, também á desinformação.
Se ocorrer um episódio de convulsões longe de um acompanhante que conheça a situação e os procedimentos para ajudá-lo(a), pode ser fatal: pode se afogar na própria saliva, bater a cabeça ou mesmo sofrer graves danos caindo da própria altura.
Pergunta: Existe um CID (CÓDIGO INTERNACINAL DE DOENÇAS) para a Epilepsia?
Resposta: Existe! É o G40, G40-0 até G40-9, cada um com especificações bem definidas.
Mas é muito comum o Epiléptico fazer toda a sorte de exames e não ser reconhecida a causa dos episódios.
A negação da patologia dificulta a busca de ajuda. Se foi detectado no emocional, o caso pede terapia.
Mas, se perceber que tem propensão a ataques epilépticos, é bom evitar certos alimentos: doces industrializados, café, açúcar, e moderar o consumo de algumas frutas: manga, abacaxi, o melhor mesmo é procurar um nutricionista que vai analisar cada caso em particular.
Como é a crise:
Pode se desencadear por um momento de stress, nervosismo ou resposta a uma ameaça.
As crises são episódios de espasmos descontrolados por todo o corpo.
Duram em média dois minutos, controle no relógio.
Se ultrapassar cinco minutos chame socorro, se ainda não fez, 193,192 ou 190 (que é sempre mais fácil de lembrar, eles fazem o atendimento e direcionam para o despacho adequado)
A pessoa pode travar a mandíbula e morder a língua, provocando sangramento que vai escorrer com a baba, não se preocupe, não vai engolir a língua, e colocar a mão na boca é extremamente perigoso, o musculo do maxilar é o mais forte do corpo e pode arrancar os dedos em um espasmo.
Junto com os espasmos a pessoa pode perder temporariamente a consciência.
O que fazer?
Dar espaço;afastar objetos perigosos;proteger a cabeça, com algo macio; manter a cabeça virada para o lado, para que a baba escorra e a pessoa não se engasgue;
Ficar ao lado da pessoa até ela se restabelecer completamente, o que ocorre minutos após o fim da crise.
Os episódios são muito intensos, provocando repulsa para os mal-informados. Epilepsia não é contagiosa, é um problema grave que ainda não foi devidamente discutido em nossa sociedade, porque na maioria do tempo é uma situação invisível.
Fazendo uma pesquisa rápida achamos que a epilepsia acomete cerca de 2% da população brasileira e cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
São números subnotificados. Existem muito mais.
Que Deus dê pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão.

Fábio Ap. Doll de Moraes, Tenente Coronel da Reserva.

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