André Luiz Costa de Melo
Escrivão de Polícia- 1º DP de Suzano
O singelo ninho abriga os minúsculos ovinhos do tico-tico. Em breve ausência dos anfitriões, o pássaro Chupim, sorrateiro, deposita seus ovos no reduto do casal de pequenos pássaros que, sem perceber, adotam o filhote e o cria. Quando cresce, o Chupim, devido sua anatomia robusta, torna-se maior do que seus pais postiços.
A conduta ardilosa do Chupim parece torpe, mas em se tratando de natureza, certamente há uma razão justa de ser.
Após criado, o belo pássaro toma seu rumo. Os pais, pequenos tico-ticos, atuaram na criação agindo por trás dos bastidores e com a emancipação do belo Chupim, não se imaginava o vultuoso trabalho. Quem observa o belo pássaro, livre e atuante, não imagina que a ação sacerdotal dos pequenos tico-ticos na criação foram de essencial importância para a manutenção da vida do Chupim. Trabalho árduo e esquecido a posteriori.
Na vida humana, a exemplo dos tico-ticos, vemos muitos anônimos que desenvolvem trabalhos fundamentais e sequer são notados. Quantas publicidades explanadas por famosos tem origem na mente criativa de pessoas talentosas, mas sem notoriedade. Arcabouço criativo imperioso, que se assim não o fosse, o galã seria inexpressível.
Quantas empresas abrigam elenco rico em talento, exercendo com maestria criações que inflam a economia institucional, gerando o crescimento, mas que sequer são notados. As propagandas mostram “o milagre, mas não o santo”
O motor do potente carro conquista o brilho nos olhos dos amantes das supermáquinas, mas sem o anônimo combustível, torna-se o emaranhado de eixos e engrenagens inócuos.
O reconhecimento é gratificante, sem dúvidas. Entretanto, o autor do vultuoso trabalho tem a consciência de seu potencial e isso lhe causa uma saciedade intima. Mesmo não sendo a autoria dos bons préstimos reconhecida, certamente alguém muito interessado está observando e quando a mente criativa demonstra a insatisfação e anseio em sair da empresa, passa a ser notado em um passe de magica.
Lembro que em meados da década de 90, um sábio me admo estou diante de uma insatisfação no trabalho e disse: “você pensa que seu trabalho não está sendo notado. Não tenha dúvida de que alguém está observando”. Estava certo! Meu empenho culminou em uma promoção.
Tudo tem seu tempo certo. A natureza não evolui a saltos longos, mas em passos lentos e precisos. Reconhecimento por parte dos reles mortais falham. Mas quem faz bem feito, sabe de seu potencial e nada passa despercebido. No momento certo, herdará frutos pelo bom trabalho.