InícioEducaçãoO que pode mudar com a lei do Novo Ensino Médio, a...

O que pode mudar com a lei do Novo Ensino Médio, a partir de 2025

Lei aprovada no Congresso com modificações no modelo foi sancionada pelo presidente Lula, que vetou a cobrança do conteúdo dos itinerários normativos no Enem

O Ensino Médio brasileiro vai seguir novas regras a partir de 2025. Elas se baseiam na Lei Federal 14.945/2024, que foi sancionada em 31 de julho pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, a partir da aprovação do texto apresentado na Câmara dos Deputados pelo deputado federal e ex-ministro Mendonça Filho (União-PE). A lei já foi publicada oficialmente pelo Diário Oficial da União, mas teve dois trechos vetados pelo Planalto: o que estipulava a entrada em vigor das novas regras do Ensino Médio para 2027 e o que mudava o conteúdo cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares em geral.  

O principal trecho vetado autorizava a exigência de conteúdos das disciplinas flexíveis do currículo que podem ser escolhidas pelo estudante, chamadas de itinerários formativos, além dos conteúdos tradicionais previstos na formação geral básica. Na justificativa, o governo alegou que tal cobrança comprometeria as condições de isonomia das seleções, aprofundando as desigualdades de acesso ao ensino superior. Esse parágrafo chegou a ser retirado do texto pelo Senado, mas incluído novamente pela Câmara. Os vetos ainda precisam ser votados no plenário do Congresso e podem ser derrubados ou mantidos.  

Por esta nova lei, a última etapa do ensino básico terá uma carga horária total de 3 mil horas ao longo dos três anos (em 200 dias letivos por ano), dividida em 2.400 horas para formação geral básica e outras 600 horas para os itinerários formativos (linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas). Essa distribuição vale para os alunos que não querem cursar o ensino técnico.  

A previsão é de que as novas diretrizes para o aprofundamento das áreas de conhecimento sejam formuladas até o final deste ano, e que todas as regras sejam implementadas pelas escolas a partir de 2025. “Os estudantes que estiverem cursando o Ensino Médio na data de publicação da nova lei passarão por uma fase de transição para as novas regras”, explica a professora Ana Cláudia de Ataíde Mota, doutora em Letras e assessora pedagógica da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Tiradentes (Unit).  

Ela acrescenta que o processo de implementação das regras do novo ensino médio nas escolas precisa ser amplamente apoiado pelas gestões das redes públicas e privadas, principalmente em questões como estrutura das escolas e formação continuada de professores. “Muitas escolas têm carências em diversos aspectos, todavia, possui autonomia para realizar os ajustes necessários. O desafio é apoiar as escolas e os seus educadores para efetuar uma implementação de sucesso”, ressalta Ana Cláudia, que acredita ter havido “mais acertos do que falhas” na nova lei. 

Entre os principais desafios que o Novo Ensino Médio traz para os professores, está o de mobilizar, melhorar e desenvolver as competências dos alunos, sobretudo as socioemocionais (soft skills) que são exigidas em complemento ao conhecimento técnico e acadêmico. A expectativa é de que ele contribua para um melhor preparo dos estudantes para o ingresso nas faculdades e universidades, a fim de que eles iniciem o curso superior em totais condições de passar pelo curso superior.  

A professora Ana Cristina ressalta que os estudantes do Ensino Médio podem chegar mais preparados às universidades com o novo modelo, desde que as políticas públicas planejadas sejam implementadas de forma efetiva. Entre as principais, estão um maior investimento na formação continuada e na valorização dos profissionais de educação. 

“O professor precisa ser qualificado constantemente, nesse sentido, a formação continuada é essencial para fortalecer a confiança e a motivação dos docentes. Ao adquirir novas habilidades e conhecimentos, os educadores se sentem mais preparados e seguros para enfrentar os desafios diários da sala de aula. Isso não só melhora a qualidade do ensino, mas também contribui para a satisfação profissional e o bem-estar dos professores, o que, por sua vez, beneficia toda a comunidade escolar”, exorta ela.

Publicações Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Populares

Últimos Comentários

Leonardo sobre De mulher para Mulher
Tatiane Alves dos Santos sobre De mulher para Mulher