A capa ostenta a formosura da arte impressa em cores vivas.
A púrpura em contraste com o verde, ladeado pelo rubro aguça a vontade na aquisição do belo livro. Arte plástica em alto relevo, com lacunas aveludadas desperta o anseio dos leitores na obtenção da 1ª edição da brochura que traz em seu conteúdo narrativa literária.
Milhares de apaixonados pela ficção esvaziaram as prateleiras das livrarias, a fim de sanarem a curiosidade sobre o enredo ocultado pela bela capa… grande foi a decepção! A epopeia em prosa confeccionada de vulgar qualidade, de difícil leitura, desastrosa perante a crítica literária, quão fruta que, na casca ostenta aspecto saudável, mas na poupa a putrefação que esconde sórdidas larvas.
O conteúdo é dissonante ante a capa.
Não obstante o sorriso, a cordialidade, a simpatia integrarem virtudes importantes para o bem viver social, nem sempre indicam o bom caráter. Um belo sorriso emanado pode ocultar uma repulsa imperceptível aos olhos.
No meio social lidamos com variadas personalidades. Sorrisos cativantes, tez casmurra, euforia, discrição. O rosto resistente ao riso não é prenúncio de maldade. Não conhecemos a criação da pessoa, as dificuldades que ela apresenta, o momento crítico que vive. Nessas horas, o melhor a fazer é respeitar. A cara fechada pode esconder um coração repleto de amor.
Uma passagem Evangélica que muito me cativa é a parábola do bom samaritano. O enredo trás um membro de uma comunidade odiada pela origem, mas que no momento em que pessoas dotadas de prestígio da sociedade (Levita e Sacerdote) ignoraram um semelhante em estado de penúria, o Samaritado é quem exercitou a misericórdia.
Assim é na sociedade, de norte a sul, de leste a oeste. Nem sempre a aparência define a pessoa. Por trás de uma personalidade fechada, de uma pessoa reservada, de alguém de poucas palavras, de alguém no dito popular “curto e grosso”, pode ocultar pessoa de elevado caráter.
Devemos analisar as pessoas além do superficial. A visão panorâmica de uma cidade não permite observar a riqueza do subsolo. Cautela em julgar/excluir pela análise superficial. Recordo-me de bela canção de Tom Jobim que em um refrão diz: (…) debaixo desta neve mora um coração…
Peço licença para invocar famoso jargão que explica tudo o que foi dito: não julgar o livro pela capa.