InícioAndré MeloColheita: resultado do plantio

Colheita: resultado do plantio

Célia ostentava gênio irredutível. A simpatia não integrava seu vocabulário. Na escola, somente dialogava com quem e quando queria. A postura autoritária a repelia de colegas e professores. Era raro proferir um “bom dia”, “boa tarde”, “obrigada”, “com licença”. Tais palavras mágicas era artigo de luxo. No lar, ao acordar, sequer dirigia uma palavra aos pais.

Expressão casmurra, o mau humor acentuado. Não pedia, exigia. A conduta da jovem entristecia os genitores.
Quando saí para um passeio, os pais se preparavam para o pior. A garota agia com autoridade perante os garçons, balconistas, caixas de mercado.

Era evasiva no que tange à empatia. Sentia-se o centro das atenções. O comportamento egocêntrico culminou na perda dos poucos amigos que possuía, além da antipatia de alguns familiares. Aos poucos o isolamento foi se estendendo, gerando melancolia na garota que passou a amargar rejeições.

Nas férias escolares viajou para o interior, na singela casa do avô, pessoa simples e de elevada sabedoria. O idoso, ao ouvir as confidências da neta, conhecendo sua personalidade , engendrou uma estratégia para que Célia entendesse as razões das aversões que amargava.


Na manhã, convidou-a a acompanhá-lo nas plantações. Pediu a garota que colhesse cinco espigas de milho, indicando a roça. A jovem ingressou nas plantações e não encontrou nenhum pé de milho, apenas quiabo. O avô insistiu para que buscasse o milho, tendo a menina procurado novamente e após varredura dirigiu-se ao avô dizendo que não havia pé de milho.


O idoso questionou-a: Querida, por que aqui não nasceu milho?

Veio a resposta:

-Porque o senhor não plantou milho e sim quiabo. Asseverou o avô: – Exato! Nós colhemos apenas o que plantamos! A semeadura da simpatia, da boa educação, da boa vontade, do sorriso floresce no coração das pessoas. Uma simples palavra, um gesto, uma postura piedosa em favor do próximo vem acompanhado de uma carga de boas energias.

Quando se tem empatia, as pessoas que recebem acolhem com carinho quem a elas dispensa a boa vontade. É agradável estar ao lado de pessoas virtuosas, que tratam todos com respeito, com igualdade, com educação.

Não precisamos de muito para ser gentis, para olhar nosso próximo como a nós mesmos. É bom demais ter amigos. Para tanto, devemos exercitar a reciprocidade. Assim como desejamos ser respeitados, devemos fazer o mesmo. Assim é a sociedade.

Ninguém é obrigado a ser empático, a servir, a ser cortês. Mas a alegria que se recebe com o sentimento de gratidão com a reciprocidade do afeto dispensado não tem preço. Assim como gostamos de ser respeitados, devemos cultivar o respeito ante nosso semelhante. O bumerangue arremessado retorna na mesma intensidade.

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