segunda-feira, março 31, 2025
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InícioAndré MeloQual sua desculpa?

Qual sua desculpa?

Por trás das linhas de expressão a saudosa mulher, que ultrapassou os 60 anos, oculta uma história de lutas e vitórias. Heroína anônima, indigente, desde tenra idade exerce trabalho árduo e digno.

Da lida à máquina de costura, foi mantenedora do lar de três filhos. A fé a mantinha forte e corajosa, mesmo com o corpo franzino e cansado.
Vencida a barreira das longas jornadas laborais, conquistou a merecida aposentadoria.

Filhos criados, independentes, bem encaminhados, proporcionou à provedora do lar sentimento de vitória, contemplado após décadas na labuta. Hora de descansar? Não! Seu espírito altruísta não permite a inércia. Quer a continuidade do trabalho, mas agora não o remunerado, mas aquele de doação ao semelhante, em prol dos mais necessitados.

Frequentadora de uma instituição religiosa, a senhora desabafa com o sacerdote sobre sua vontade, que acompanha o lamento em fatores que a impede. O líder da instituição, que preside trabalho social consistente em amparo a famílias carentes, com o auxílio de cestas básicas, interpelava a candidata ao trabalho sobre o porquê do impedimento.

Envergonhada, asseverou ser frágil fisicamente, além de possuir poucos recursos para colaborar e não dispor de muito estudo. O religioso, suspirou aliviado e disse que se os problemas fossem esses, então tudo estaria resolvido, pois no trabalho social, claro que necessitamos de pessoas que auxiliam com recursos financeiros que permitem a aquisição de alimentos, assim como também se faz necessário pessoas dispostas que realizem trabalhos braçais, bem como de pessoas que primam pela atividade intelectual, no auxilio contábil e administrativo. Cada voluntário realiza o que tiver mais em seu alcance.

Prosseguiu o sacerdote asseverando que existem dons que não se aprendem na escola, nem em livros, mas que nascem com o indivíduo, por inspiração do Criador: “O amor ao próximo”, aptidão esta que transborda na aposentada, que dispõe de anseio em fazer algo para abrandar o sofrimento dos excluídos.

Essa vontade outorga a ela vasto atributo para o trabalho em questão. Mesmo que não possa doar nada material, mesmo que não tenha força física para trabalhos pesados ou escolaridade para atividades de gestão, a candidata tem empatia pelos carentes e os receberá com o coração caloroso, que fará que a simples recepção seja um acolhimento positivo.

Recebê-los com carinho, com um sorriso, com candura no coração, tratar-se-á de trabalho digno. A recepção do povo que busca auxílio pode-se dizer ser o cartão de visita da instituição e poucos neste recinto tem o potencial da idosa.

Observe que em uma máquina há diversas engrenagens, todas unidas em prol do funcionamento da máquina. Não existe a mais importante. Todas de forma harmoniosa, sincrônicas, movimentam-se em prol do todo. Não é diferente do trabalho social.

Voluntários, de distintas modalidades, são todos imprescindíveis. O critério principal é a disposição e o firme propósito em fazer o bem. Por isso, a senhora está contratada!

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