segunda-feira, maio 12, 2025
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Como lidar com juros altos e um cenário econômico instável

A economia, tanto aqui no Brasil quanto lá fora, tem passado por algumas turbulências nesses últimos meses. Isso afeta diretamente o seu bolso, o das empresas e o dos investidores. Ontem, 7 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, passando de 14,25% para 14,75% ao ano — o maior nível desde 2006. 

O motivo? Conter a inflação persistente, que atualmente está em 5,49%, bem acima da meta oficial de 3%.  Além disso, o Copom destacou a necessidade de uma política monetária contracionista por um período prolongado, diante das incertezas na economia global, especialmente relacionadas às políticas comerciais dos Estados Unidos e seus impactos nos mercados internacionais.  

O fato é que, quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro pra todo mundo. Isso freia o consumo, reduz a atividade em setores que dependem de financiamento — como o imobiliário, o automotivo e a indústria em geral — e pressiona empresas que trabalham com margens apertadas. Em muitos casos, elas acabam cortando investimentos ou até fazendo demissões em massa. Para o consumidor, isso significa financiamentos mais caros e menor poder de compra. 

Mas nem tudo é ruim. Os investimentos em renda fixa, como o Tesouro Direto e os CDBs, ficam muito mais atrativos com os juros mais altos. Eles passam a render muito acima da inflação e da poupança, oferecendo maior segurança para quem quer proteger o dinheiro sem abrir mão de uma boa rentabilidade. E o Brasil tem tudo para se tornar ainda mais atraente, também para o investidor estrangeiro, por causa das tensões comerciais entre as duas maiores potências econômicas do mundo. 

A guerra travada entre os Estados Unidos e a China está gerando um forte impacto no comércio global, gerando incertezas e uma volatilidade gigantes nas bolsas. E isso pode favorecer muito o Brasil, que tem uma indústria fraca mas que se destaca na exportação de commodities, como o petróleo, o minério de ferro, a carne e os grãos. Tudo isso tem feito algumas empresas saltarem nas últimas semanas e ajudarem nossa bolsa de valores a se recuperar. 

Outros setores, como a indústria e o de utilidade pública, também vêm demonstrando força com a expectativa de que o Brasil será o grande vencedor em meio a essa guerra comercial, abocanhando mercados que estão fugindo do eixo EUA-China. Nesse ambiente de otimismo para o Brasil, o mercado também começa a precificar uma queda dos juros, já a partir do segundo semestre. Ou seja, a alta da Selic pode estar com os dias contados. 

Nesse cenário de incertezas, mas também de grandes oportunidades, é fundamental ter a estratégia certa. E a diversificação dos investimentos é sempre o caminho mais seguro, especialmente em momentos de grande volatilidade. Distribuir bem o dinheiro entre diferentes ativos ajuda a reduzir os riscos, mantendo a exposição à renda variável, na medida certa, para obter o melhor de ambos os lados: solidez e rentabilidade. 

Então, sim, títulos prefixados podem ser interessantes agora, para aproveitar a alta da Selic e travar uma rentabilidade mais elevada, mas existe um vasto horizonte no mercado de ações para quem investe da forma correta, com foco no longo prazo. Como sempre, a solidez nos aportes mensais e o conhecimento para investir com segurança e inteligência são os verdadeiros “ativos” que farão a diferença entre ganhadores e perdedores nesse imprevisível cenário de juros altos, inflação e turbulência nos mercados globais. 

*Raul Sena é especialista em mercado financeiro, educador de finanças e investimentos, fundador da AUVP Capital e eleito pela Anbima o principal influenciador de finanças do Brasil em 2024.

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