A fase infantil remonta o ápice da alegria. De todo enredo vivido, extrai-se risos e felicidades. A chuva que preocupa a mãe, torna-se palco de euforia no banho ao ar livre dos pequenos; o barro, formado pelas torrentes, aguça os risos quando desliza entre os
dedos do pé, provocando cócegas; Os palhaços, ainda que tenham repertório árido, fomentam deliciosas gargalhadas. Tudo é motivo para alegria.
A ingenuidade pueril não permite que as crianças, nas brincadeiras, percebam o quão sofrível é a vida adulta e por este desconhecimento, fazem das recreações representações de pessoas maduras : brincam de policiais, professores, atletas, pilotos de carro, médico. Sonham em transpor o período infantil e se transformar em “gente grande”.
Exaurida a fase infantil, deparamo-nos com o advento da maturidade e, com ela, a responsabilidade. Todo anseio dos pequeninos em ser adulto termina, pois antes era
apenas a fantasia e hoje a cruenta realidade. O ambiente laboral, a maternidade, paternidade, as dores, preocupações, ansiedades… Surge com isso a saudade dos tempos em que imperava o mundo de fantasias. Mas o caminho é sem volta! A jornada adulta é importante para o progresso pessoal e material. Os percalços geram a rispidez, a fadiga, a impaciência. Muitos adultos, calejados pela rotina, adotam postura casmurra e séria, suprimidos por certas convenções sociais.
Entretanto, como em toda regra há ressalvas, vemos jovens de 50, 60, 70 divertir-se nas águas da chuva de verão, sem se importar com olhares de reprovação. As robustas águas pluviais formam o barro vermelho, escorregadio, campo atrativo para os senis deslizarem no lamaçal e rirem até faltar o ar e doer o abdome. Esquecem das dores, da tristeza, da rotina, do que pensam a seu respeito. Após a tempestade, quando o astro rei ressurge no firmamento, os jovens aproveitam para dançar ao ar livre, aderindo ao espirito juvenil.
Seguindo o curso contrário dos infantes nas recreações, resgatam a criança
interior, despojando-se de qualquer convenção e pudor e divertem-se. Por um dia, esquecem da rotina e a trocam pela roda gigante.
André Luiz Costa de Melo Escrivão de PolÍcia- 1º DP de Suzano