Planejamento prevê redução de ruídos e ilhas de calor, melhor utilização das áreas livres e verdes, melhorias no sistema de drenagem e ampliação da malha cicloviária
A Prefeitura de Suzano começa 2024 com quatro planos municipais em execução que buscam qualificar os espaços públicos da cidade. A Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação, que participou da elaboração de cada um deles, prevê a redução de ruídos e ilhas de calor, melhor utilização das áreas livres e verdes, melhorias no sistema de drenagem e ampliação da malha cicloviária.
Programado para ser implementado até o fim deste ano, o Plano de Redução de Ruídos e Ilhas de Calor (PRRIC), desenvolvido em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, atualmente está na fase de levantamento e tabulação dos dados. O PRRIC tem como objetivo o mapeamento da cidade sob a lógica das áreas mais vulneráveis em razão da deficiência de espécies arbóreas (vegetação), fruto do corte contínuo de árvores na cidade e a necessidade de uma programação para atividades de replantio num período de médio e longo prazo.
Esse instrumento também permite que a administração municipal possa identificar os bairros mais quentes, que poderão receber ações de controle das altas temperaturas pela presença de novas árvores. Uma das recomendações já apontadas pelos estudos é a necessidade de criação de corredores verdes que liguem a região sul do município à Várzea do rio Tietê, permitindo que o vento oriundo da região sul permeie a área adensada da cidade, fazendo com que seja refrigerada.
Outro ponto relacionado a esse plano é a manutenção ou aumento da vegetação também na porção sul de Suzano, garantindo a absorção de água e umidificação do solo. Por fim, outra alternativa que poderá ser implementada é a busca pela naturalização da Área de Preservação Permanente (APP) anexa ao ribeirão Chico da Vargem, para promover uma maior umidificação do ar na área urbanizada e não vegetada, considerando também a direção dos ventos juntamente com a criação de novos espaços de natureza que possam compor uma infraestrutura verde (IEV) para Suzano.
Áreas livres e verdes
Assim como o PRRIC, deverá ser finalizado até o fim de 2024 o Plano de Áreas Livres e Verdes (PALV), também desenvolvido junto à Universidade Presbiteriana Mackenzie, com a perspectiva de formular estratégias de ocupação de espaços de lazer. Uma das propostas inseridas neste contexto é o trabalho intitulado “O que tem atrás desse muro?”, que tem o objetivo de requalificar três espaços da cidade, localizados nas imediações das Escolas Municipais Professor Oscar de Almeida Redondo, na Vila Urupês; José Braz Neto, no Jardim Quaresmeira II; e Odário Ferreira da Silva, no bairro Jardim Belém.
Pensando em oferecer as condições necessárias para que alunos e professores da Faculdade de Arquitetura da Mackenzie (FAU-Mackenzie) pudessem conhecer as características dos locais, a secretaria promoveu encontros em Suzano e na capital paulista, em outubro de 2023, para apresentar as áreas em questão e receber dos alunos e técnicos as propostas para utilização dos espaços. Na exibição dos croquis, o que mais chamou atenção dos representantes da administração municipal foram as características lúdicas que foram inseridas a partir de desenhos dos alunos das escolas, que contribuíram com ideias e demandas, e também a utilização de formas orgânicas no desenho destes espaços, valorizando a importância das áreas para a cidade.
Uma outra marca dos trabalhos foi a referência aos elementos naturais. Nas áreas do Jardim Quaresmeira e da Vila Urupês, os estudantes usaram como símbolo principal as duas grandes árvores que se destacam nesses espaços. Elas tiveram uma posição central na definição do desenho final que poderá garantir novas praças. No caso da unidade do Jardim Belém, a própria topografia foi um elemento central para a divisão das atividades no espaço. Todos os projetos buscaram manter uma permeabilidade visual, de modo que possa ser garantida a segurança. A partir de agora, as pastas de Planejamento e de Educação irão aproveitar as contribuições para definir de que maneira os projetos poderão ser concretizados. Uma das alternativas é a parceria com empresas que investem no município, por meio do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
Plano de Drenagem
Também está em andamento o Plano Municipal de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de Suzano (PMDMAP), que reúne uma grande coleta de dados, análises espaciais, modelagens hidrológicas, perspectivas de intervenção, estratégias e ferramentas de gestão para melhor administrar a presença e efeitos das águas pluviais.
O documento faz um extenso mapeamento do município, identificando desde vias, propriedades e ocupações, até o tipo de cobertura do solo, bacias e áreas de risco para a ocupação. O objetivo é encontrar as melhores formas de gerenciar os eventos decorrentes das chuvas, reduzindo os riscos associados às águas, preservação dos recursos naturais e direcionamento de investimentos para obras, além da otimização da gestão pública.
O plano ainda identifica as regiões sujeitas a ocupação humana que estão suscetíveis a escorregamentos, contribuindo com a prefeitura para intervir nas áreas críticas e prevenir acidentes.
Constituído de um diagnóstico detalhado de cada sub-bacia hidrográfica do município, esse instrumento fornece recomendações específicas para vencer desafios como serviços de limpeza de lixo e entulho, melhorias no sistema de drenagem superficial (águas pluviais, servidas ou esgoto), obras de terraplenagem para acerto ou abatimento de talude e de drenagem e proteção superficial, implantação de estruturas de contenção (muros de gravidade e cortinas, por exemplo), serviços de terraplenagem, implantação de proteção superficial vegetal em taludes com solo exposto, limpeza e desassoreamento de canal de drenagem.
Plano Cicloviário
Outro instrumento em execução é o Plano Cicloviário e de Mobilidade Ativa, que foi desenvolvido em conjunto com a TC Urbes, empresa especializada em projetos de mobilidade ativa. A proposta é implantar 108 quilômetros de ciclovias na área urbana e incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte de forma segura e inclusiva, buscando criar uma rede cicloviária integrada com a infraestrutura urbana, a gestão municipal e as ações educativas complementares.
O objetivo é proporcionar as condições necessárias para que cada vez mais moradores utilizem a bicicleta não só como lazer, mas também para se locomover. Para isso, a proposta estabelece metas de adesão progressiva da população. A ideia é garantir, dentro de quatro anos, que 5% das viagens internas no município sejam feitas pela rede cicloviária, e, em um espaço de nove anos, promover o deslocamento de 10% da população por bicicleta.
Atualmente, já estão em andamento obras que garantirão um acréscimo de 5,29 quilômetros nessa rede, sendo que a expectativa da administração municipal é de que até o fim deste ano, a malha cicloviária possa ser superior a 15 quilômetros, já incluindo o espaço específico para as bicicletas na rua Sete de Setembro e nas avenidas Jorge Bei Maluf e Senador Roberto Simonsen.
Além de conectar as duas regiões com o centro, está prevista a ligação desse modal com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), por meio da Linha 11-Coral. A partir desse ponto, um dos deslocamentos possíveis, utilizando-se a bicicleta, é a interligação com a Rota Caminho do Sal, entre Santo André, Mogi das Cruzes e Ribeirão Pires, permitindo o acesso à rodovia Caminho do Mar (SP-148) e à estrada Mogi das Cruzes, que possibilita passagem por área de montanha e vista para o mar. O projeto ainda sugere uma parceria com Poá, para garantir a construção de um novo caminho cicloviário que possa encurtar a trajetória para os usuários de bicicleta que vivem nesta parte do município.
No processo de elaboração do traçado, foram identificadas as vias mais movimentadas. Nesta fase, foram considerados os bairros de maior densidade demográfica e atração de viagens. O plano indicou a necessidade e importância de completar a rede, de forma a tornar a bicicleta acessível à maior parte dos munícipes, e com isso foram idealizados mais 152,3 quilômetros de ciclovias, incluindo trechos voltados ao turismo rural. O objetivo é transformar Suzano na primeira cidade ciclável do Alto Tietê.
O secretário Elvis Vieira destacou que os planos têm a capacidade de promover as transformações necessárias que garantam o desenvolvimento de Suzano em todos os seus aspectos. “Temos trabalhado em torno da implementação desses projetos desde 2017, quando iniciamos a gestão. A partir da aprovação do Plano Diretor, pudemos avançar com os outros instrumentos, pensando na cidade que queríamos hoje e que desejamos nas próximas décadas. São inúmeras ações já executadas e em andamento, visando sempre o desenvolvimento do município”, ressaltou Vieira.
O prefeito Rodrigo Ashiuchi afirmou que a cidade tem se transformado por conta do sucesso do planejamento que vem sendo adotado. “Nós temos um projeto de garantir alterações profundas na forma com que a sociedade se organiza, com o objetivo de melhorar substancialmente a qualidade de vida dos moradores. Já estamos colhendo muitos frutos, pois temos nos planejado da maneira correta. Nestes últimos anos, conseguimos concluir um número significativo de ações que já estão promovendo mudanças significativas no dia a dia da população. Os planos ainda contemplam novas intervenções, que estão em andamento e que ainda serão iniciadas, para manter Suzano no caminho do desenvolvimento”, declarou Ashiuchi.
Créditos das fotos: Wanderley Costa/Secop Suzano e Mauricio Sordilli/Secop Suzano