De acordo com a Polícia Civil, a investigação que levou à prisão do suspeito foi motivada por uma denúncia do proprietário da clínica onde ele tentou atuar de forma ilegal. O caso foi registrado no DP de Poá.
Um homem que se passava por médico e que tentou prestar atendimento em uma clínica no bairro Conjunto Alvorada, em Poá, foi preso na manhã desta segunda-feira (19). Segundo a Polícia Civil, a investigação que levou à prisão do suspeito, um imigrante boliviano, foi motivada por uma denúncia do proprietário do estabelecimento onde ele tentava atuar.
Segundo o boletim de ocorrência, o dono da clínica disse que, na semana passada, recebeu a documentação de um médico, referente a uma vaga de cardiologista para atender às segundas-feiras como freelancer. O proprietário recordou do nome do profissional, que já havia trabalhado com ele em outra clínica e, então, efetuou a contratação.
No entanto, ainda de acordo com o boletim de ocorrência, nesta segunda o dono do estabelecimento visualizou o falso médico e verificou que não se tratava da mesma pessoa. Em seguida, ele consultou o CRM e teve certeza da suspeita, pois a fotografia não batia. Na sequência, o proprietário da clínica acionou a polícia, que compareceu ao local e visualizou o suspeito preparado para atendimento, com vários carimbos, documentos falsos diversos e estetoscópio.
De acordo com o delegado Eliardo Jordão, o dono da clínica onde o homem atenderia e os possíveis pacientes foram lesados, porque não sabiam que o suspeito era um falso médico.
“O dono, responsável pela clínica, acionou a Polícia Civil diante de algumas suspeitas que ele vinha tendo por parte dessa pessoa. Quando foi hoje, essa suspeita aumentou, razão pela qual ele chamou a gente. Chegando ao local, essa pessoa, que foi presa, estava em atividade típica de exercício da medicina, com roupa característica, com vários carimbos com nome de uma outra pessoa, com outra especialidade. Ele também se apresentou aos policiais com uma xerox com a foto dele, porém, depois foi descoberto que os dados daquele documento xerocopiado pertencem a uma outra pessoa, que é um médico, que fez um boletim de ocorrência em 2021 alertando ‘olha, estão usando os meus dados’”, disse o delegado.
Instrumentos médicos, como estetoscópio e carimbos, foram apreendidos com o suspeito. De acordo com o delegado, todos esses elementos indicam que o suspeito estava exercendo a função de forma ilegal.
“Então, num primeiro momento, ele manteve a versão de que era médico, de que o nome dele era aquele que ele apresentou. Só que de pronto, logo na sequência, tudo isso já foi desconstruído e foi tirado a limpo. Ele estava exercendo ilegalmente a profissão, a medicina. O documento que ele apresentou, a cópia, a fota era dele, porém os dados qualificativos não eram dele, eram de outra pessoa. E ele, no momento também, atribuiu a si outro nome, então isso também já caracteriza um outro crime. Então, ele foi preso em flagrante por três crimes, exercício ilegal da medicina, da profissão, uso de documento falso e falsidade de identidade. Foi preso pelos três crimes, vai ser submetido oportunamente à audiência de custódia”.
Segundo o delegado, o suspeito já vinha atuando de forma ilegal no país e confessou o crime. “Ele contou que realmente estava exercendo a atividade médica e que, segundo ele, tem formação do país dele de origem, ele é estrangeiro. Confessou tranquilamente que estava mesmo, que não era a primeira vez, que já vinha nessa prática. Ele disse que estava no Brasil há mais ou menos um ano. Só que agora, nesse segundo momento da investigação, a gente vai esclarecer todos esses outros fatores. Quanto tempo já vem tendo esse tipo de atividade no Brasil, eventuais outras vítimas, eventuais outras clínicas, consultórios, enfim”.
“Na data de hoje, ele não conseguiu atender efetivamente nenhum paciente. Na data de hoje. Agora, os próximos objetivos, dentre eles, é saber se ele já atuou aqui no município, em outras oportunidades. Então, isso só a investigação que vai dizer. Mas na data de hoje, ele já estava em atividade típica, local propício, roupagem, instrumentos médicos, pronto pra atender, com potencialidade lesiva pra sociedade. Então, isso daí já caracteriza o crime”, disse.
O delegado também orientou pacientes que percebam indícios de irregularidades durante consulta médica a comunicar a polícia e órgãos competentes.
“O proprietário foi muito perspicaz. Percebeu algo, pedir ajuda. Viu que não bateu, acendeu uma luz amarela? Procura ajuda, chama a polícia, enfim. Faz uma consulta básica às redes sociais, às ferramentas, fontes abertas. E aquele, eventualmente, que passar num profissional e sentir algo estranho, vai atrás, denuncia, procura uma delegacia, pra que isso seja tirado a limpo. Às vezes pode estar sendo enganado”.
O caso foi registrado no DP de Poá como exercício ilegal da medicina, uso de documento falso e falsa identidade.