InícioSuzanoEvento no Cineteatro celebra tombamento do primeiro Paço Municipal de Suzano

Evento no Cineteatro celebra tombamento do primeiro Paço Municipal de Suzano

Prédio que foi sede do Poder Executivo, entre 1952 e 1993, e do Legislativo, de 1952 a 2002, é considerado patrimônio da cidade

O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac), com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, promoveu nesta quinta-feira (04/04), uma solenidade no Cineteatro Wilma Bentivegna para celebrar o tombamento do primeiro Paço Municipal de Suzano, localizado na rua Campos Salles, 601, no centro, onde está sediado atualmente o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A cerimônia contou com as presenças do vice-prefeito Walmir Pinto; do diretor de Cultura, Amaury Rodrigues; da presidente do Compac, Cind Octaviano; do secretário municipal de Segurança Cidadã e chefe de Gabinete, Afrânio Evaristo da Silva; do presidente da Câmara Municipal, Joaquim Rosa; e dos vereadores Jaime Siunte, que fez a indicação para essa propositura; Artur Takayama; e Antonio Rafael Morgado, o Toninho Morgado.
A finalização desse trabalho, aprovado por unanimidade pelo colegiado que compõe o Compac na última quinta-feira (28/03), garante reconhecimento de valor ao prédio que abrigou o Poder Executivo municipal por mais de 40 anos, entre 1952 e 1993, e o Poder Legislativo municipal por quase 50 anos, entre 1952 e 2001. O tombamento, que também incluiu a mureta que fica em frente à fachada, o livro tombo mais antigo da Câmara Municipal e a mesa do primeiro prefeito, Abdo Rachid, possibilita que a administração municipal implemente ações de políticas públicas com vistas à preservação do local. Em ato simbólico, o vice-prefeito Walmir Pinto assinou o documento que consolida esse processo. Nos próximos dias, o prefeito Rodrigo Ashiuchi também receberá esse material, para registrar sua assinatura.
A importância histórica desta edificação foi demonstrada pelo Compac durante apresentação aberta ao público realizada em 18 de março (segunda-feira), no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi. A relatoria do processo ficou a cargo do professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), Wagner Garo, que reuniu, entre outros dados, depoimentos de 23 ex-servidores e ocupantes de cargos eletivos que trabalharam no local durante os períodos citados. A pesquisa ajudou o Compac a recontar a história do prédio e evidenciar sua relação com o desenvolvimento da cidade, juntamente com o trabalho conduzido pelo historiador Rodrigo Ferreira. A colaboradora do Legislativo municipal de Suzano, Vivian Turcato, contribuiu com o levantamento por ter disponibilizado o acesso ao livro ata que demonstra registros da época.
Personagens
Na cerimônia, também marcaram presença alguns dos personagens que fizeram parte dessa história, como o ex-vereador Waldyr Cortez, que exerceu o cargo entre 1976 e 1992, sendo inclusive presidente de Legislativo municipal entre 1982 1984; o ex-funcionário Carlos Rodrigues; e o procurador jurídico da Câmara na época era sediada nesse prédio, na década de 1990, Júlio Cézar Mayer, que inclusive havia guardado a placa de inauguração do Paço Municipal e do departamento jurídico, na ocasião da mudança da sede. Também foram convidados o filho do ex-vereador Pedro Nakamura, Edson Nakamura; o sobrinho do ex-prefeito Abdo Rachid, Luiz Antonio Rachid; e o historiador Suami Azevedo, que ajudou com as pesquisas relacionadas ao prédio.
O resgate histórico trouxe à tona o simbolismo do Paço Municipal para a formação da identidade suzanense, a partir, por exemplo, de documentos referentes ao primeiro evento sediado no espaço. Esta ocasião foi marcada pela inauguração do prédio, em 31 de maio de 1952, prestigiada pelo então governador de São Paulo, Lucas Nogueira Garcez, o que representou a primeira visita de um chefe do Poder Executivo estadual à cidade após a emancipação político-administrativa do município, em 1949, justamente o ano que marcou o início das obras do antigo Paço Municipal. A construção dessa edificação também mereceu uma análise minuciosa por parte do Compac. Idealizado no estilo Art Déco, a estrutura foi desenvolvida a partir de um estilo arquitetônico sofisticado, que até hoje é tido como uma obra-prima entre os especialistas. A fachada, o acabamento e o espaço interno foram considerados muito bem planejados, que fazem desta estrutura uma referência para a cidade, até mesmo para estudantes de Arquitetura.
A presidente do Compac explicou que a assinatura do prefeito simboliza a última etapa do processo, que tinha como objetivo o tombamento desta edificação. “Iniciamos no ano passado a condução das atividades que deveriam culminar justamente neste ponto que aqui estamos hoje. Agradeço a toda a equipe de conselheiros que participaram deste processo, cujas pesquisas contribuíram imensamente para a valorização da história de Suzano. Esse ato simbólico permite que nós possamos garantir que este bem seja inserido à Zona Especial de Preservação Cultural (Zepec) pelo plano diretor da cidade, com vistas à regulação dos fatos que envolvem a preservação deste patrimônio”, apontou Cind.
O vereador Jaime Siunte ressaltou o valor histórico da primeira sede da Prefeitura de Suzano e de sua relação com este espaço. “A história do município passa por ali, onde foram realizadas inúmeras sessões legislativas. Quando eu era novo, ajudava meu pai a realizar a limpeza do local, após as atividades, e lembro bem dos momentos em que havia cerimônias especiais, marcadas pelo velório de várias personalidades. Anos depois, tive a oportunidade de ser suplente de vereador quando a Câmara ainda funcionava no local, em 1993. Por tantos motivos, indiquei esses estudos, para que pudéssemos garantir o resgate de tantos episódios vividos neste prédio”, frisou o parlamentar.
Joaquim Rosa pontuou que o espaço é um símbolo da cidade. “Agradecemos ao trabalho do Compac, que tem sido muito importante para a preservação da história da nossa cidade. Vemos a dedicação com que têm sido conduzidas às ações relacionadas aos tombamentos, por isso, parabenizamos a todos os envolvidos nesse processo. Podem contar com o trabalho da Câmara com as pesquisas que se fizerem necessárias para outros tombamentos”, disse o presidente do Poder Legislativo da cidade.
O diretor de Cultura afirmou que a finalização desse processo tem um caráter muito simbólico, pois o prédio dialoga com a memória afetiva de muitos suzanenses. “O primeiro Paço Municipal reforça a relação de pertencimento do morador com a cidade. Muitos se lembram daquele espaço como referência dos Poderes Executivo e Legislativo do município, e, por isso, o prédio sempre foi valoroso para a cidade. A partir do processo de tombamento, poderemos recuperar a história desse local e mostrar sua importância para o desenvolvimento da cidade. Cumprimento a equipe do Compac que esteve envolvida neste trabalho. Foi uma grande contribuição para toda a população”, declarou Rodrigues.
O vice-prefeito destacou a importância do trabalho de resgate dos símbolos municipais. “Nossa cidade tem uma história muito nobre, que deve ser recontada para todos. Os estudos relacionados ao primeiro Paço Municipal nos dão a dimensão de como foi construída a sociedade em que vivemos hoje e dos grandes personagens que ajudaram a construir a identidade da cidade. Parabenizo a todos os envolvidos neste trabalho, que deixará muitos frutos para as futuras gerações. O Compac, com apoio dos colaboradores da Secretaria Municipal de Cultura, tem prestado um grande serviço para o nosso município, resgatando documentos e valorizando a nossa história”, ressaltou Walmir.
Outros tombamentos
O primeiro Paço Municipal de Suzano é o terceiro patrimônio tombado no município, assim como já ocorreu com a Academia de Judô Terazaki, na Vila Urupês, em 2022, e com o Conjunto Histórico da Fazenda Sertão, localizado no distrito de Palmeiras, em 2023.
Com relação ao Conjunto Histórico da Fazenda Sertão, o Compac definiu pelo tombamento dos conjuntos arquitetônicos formados pela Capela de Santa Helena e a Escola Estadual Helena Zerrener. Na oportunidade, também ficou decidido que seriam incluídas na lista de bens de interesse cultural, dentro da Zepec, a Fazenda Santa Helena, a chaminé do antigo alambique onde se produzia a Água Ardente Sertão, e o Loteamento Clube dos Oficiais, além do próprio Clube dos Oficiais. Todos esses espaços pertencem à área que constituiu a antiga Fazenda Sertão, que ocupava um terço do território atual de Suzano e estendia-se para uma área significativa do município de Ribeirão Pires.
A Academia Terazaki foi o primeiro local a ser protegido por meio deste mecanismo em Suzano. Com esta ação, o imóvel, que possui 783,75 metros quadrados de área construída em 1.161,44 metros quadrados de terreno, passou a ter preservadas suas características originais, tanto do formato arquitetônico quanto cultural, por meio do decreto municipal. O espaço teve as obras iniciadas em 1934, com a conclusão em 1952.

Crédito das fotos: Mauricio Sordilli/Secop Suzano

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