A Prefeitura de Mogi das Cruzes, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, participará da 17ª edição da Primavera dos Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão vinculado ao Ministério da Cultura, com o tema Memórias e democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas, a partir desta terça-feira (19). Serão realizadas uma exposição, uma edição especial da Noite de Mistérios, além de diálogos e ações com o intuito de criar espaços de reflexões sobre temas importantes da sociedade contemporânea. Todas as ações têm entrada gratuita.
Nesta terça-feira, entra em cartaz na Pinacoteca de Mogi das Cruzes a exposição “(In)Visíveis? Um olhar artístico sobre os povos indígenas e negros em Mogi”. A mostra apresenta uma reflexão sobre a presença dos povos indígenas que habitavam a região muito antes da chegada dos colonizadores, bem como as expressões culturais, religiosas e artísticas dos povos afrodescendentes que se estabeleceram no município.
Com duas salas de exposições, a primeira busca provocar uma reflexão crítica sobre a representação estética dos povos originários, cujas memórias foram historicamente esquecidas, omitidas ou alteradas ao longo da nossa trajetória. Quem foram os primeiros habitantes de Mogi? Essa e outras questões se somam para convidar o visitante a refletir sobre suas origens e sobre as raízes da população mogiana.
Já a segunda sala focaliza a representação artística dos povos pretos que ajudaram a moldar os alicerces da cidade, procurando observar a diversidade cultural retratada no acervo, e problematizando sua importância na formação cultural, social e econômica de Mogi das Cruzes. A sala traz ainda dois outros pontos de reflexão, traduzidos por um mobiliário típico da cultura ocidental, em dois momentos históricos: o primeiro é uma cadeira de arruar (ou liteira), disposta ao lado de uma cadeira da primeira metade do século 20, pertencente a uma família tradicional de Mogi das Cruzes. Duas cadeiras de uso comum, típicas de seu contexto histórico, unidas pela função de uso e separadas pelo perfil de usuário, evocando diferentes questionamentos, que a exposição buscará descortinar.
No acervo municipal, é o não-indígena que retrata o indígena e que seleciona suas representações. Por sua vez, há obras produzidas por pessoas pretas e outras que as retratam. A intenção é fazer com que o público questione: que diferenças isso traz? Que imagens (e que “verdades”) essas obras de arte ajudam a afirmar ou a contrapor? E quais são as lacunas a ser preenchidas?
Mesa Redonda e Debate
As ações da 17ª Primavera dos Museus seguem no Centro Cultural de Mogi das Cruzes, no sábado (23), com uma mesa redonda e debates sobre o tema Identidades e Diversidades: O ABC LGBT e o caminho do conflito ao respeito, às 14 horas. A atividade contará com a presença de representantes da sociedade civil e pesquisadores do campo do Patrimônio e da Memória Social, para discutir a pluralidade de identidades e diversidades de gênero, étnico- raciais e de expressões culturais de Mogi das Cruzes. A mesa também buscará apontar caminhos para a superação de preconceitos e conflitos motivados por questões de gênero e orientação sexual e para afirmar o respeito como principal vínculo entre as pessoas em Mogi, independente de sua orientação sexual e gênero. Nesse sentido, o debate percorrerá questões amplas, que vão da preservação da memória de personalidades da cidade até aquelas relacionadas às saúde das pessoas trans, procurando objetivar o conceito de “respeito” nas diversas representações sociais e políticas públicas ligadas ao tema.
Roda de Conversa
No domingo (24), a partir das 16 horas, haverá uma roda de conversa intitulada “Onde foram parar os homens pretos da nossa paróquia?”, na Vila Industrial. A ação será realizada no Salão Paroquial Nossa Senhora do Rosário e debaterá a história da demolição da Igreja do Rosário dos Homens Pretos de Mogi das Cruzes e a ausência do nome “Homens Pretos” na atual Paróquia da Nossa Senhora do Rosário. Este diálogo busca explorar as implicações históricas, culturais e sociais do apagamento e silenciamento da narrativa dos povos pretos escravizados, bem como fomentar reflexões sobre a preservação e valorização dessa memória social, e sua presença na formação social contemporânea.
Noites de Mistério
Por fim, na sexta-feira (22), acontece mais uma ação do projeto Noites de Mistério, no Cemitério São Salvador, pela Primavera dos Museus. A visita monitorada noturna terá contação de histórias, lendas urbanas, curiosidades sobre a constituição do cemitério e de sua arte tumular, destacando a presença dos povos pretos desde a sua inauguração.
As inscrições para a ação já foram encerradas, e as vagas esgotaram no mesmo dia em que foram abertas, nesta segunda (18).
Serviço:
(Programação sujeita a alterações. Todas as ações têm entrada franca)
17ª Primavera dos Museus
de 19/9 a 1/12 | Exposição “(In)Visíveis? Um olhar artístico sobre os povos indígenas e negros em Mogi” | Pinacoteca (de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábados, das 9h às 12h)
22/9 (sexta-feira) | 19h | Noites de Mistério – Ed. Cemitério São Salvador | Inscrições encerradas
23/9 (sábado) | 14h | Mesa Redonda | Identidades e Diversidades: O ABC LGBT e o caminho do conflito ao respeito | Centro Cultural
24/9 (domingo) | 16h | Roda de conversa | Onde foram parar os “Homens Pretos” da nossa Paróquia? | Salão Paroquial Nossa Senhora do Rosário (R. João Cardoso dos Santos, 940 – Vila Industrial)