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Castelo de areia

Na transição da idade infantil para adolescência, Belinha demonstrou características de independência, com ideias afastadas dos princípios do zeloso pai. Seguindo influências de seu grupo de amigos, desertou dos estudos e passou a frequentar ambientes não muito saudáveis. O genitor, preocupado com os novos hábitos, a exemplo dos cigarros e alcoólicos, pensava num meio de trazer novamente a filha ao eixo antes que fosse tarde.

Aproveitou do gosto da adolescente por praia e a convidou para um passeio. Levou-a numa praia da qual desconhecia, de areia alva e límpida. O pai convidou-a para edificar um castelo na areia. Esculpiram uma obra faraônica, semelhante a arquitetura medieval de grande porte, quão os contidos em contos do velho continente em sua idade média.

A maquete moldada com perfeição, remetia a viagem ao passado sombrio do velho mundo.

A réplica do castelo era de tamanha perfeição que até um lago artificial fora confeccionado ao derredor. Com sete torres, a edificação surpreendia. Ecoou no coração de Belinha aquela a alegria pela arte impressa com ajuda do amado pai, que sabia a hora da subida da maré. Por horas a jovem permanecia extasiada com a arte, até que as vorazes águas do mar subiam e submergiam o castelo, desmoronando-o em segundos.

Misto de risadas e tristeza pelo exaurimento da escultura, o pai aproveitou o ensejo para exemplificar que, as obras sedimentadas pelo bem, pelo bom caráter é semelhante a um castelo fundado em solo firme. Nada o abala.

Quando se adota uma vida fora dos padrões da honestidade, da probidade, as obras podem até assemelharem-se à beleza, mas são frágeis e o perecimento é breve.

Asseverou o pai que tal tese é constatada no cotidiano. Pessoas que optam por vida fácil, distante dos padrões corretos, tem uma ilusória percepção de progresso; ao passo que os que optam por enfrentar a vida com honestidade, esforço, retidão na conduta, sedimentam seu castelo em local inabalável.

A vida oferece opções. Façamos o bom uso do livre arbítrio.

André Luiz Costa de Melo Escrivão de PolÍcia- 1º DP de Suzano

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