O consumo ainda maior de jovens que utilizam o cigarro eletrônico motivaram uma nova análise acerca dos riscos à saúde atribuídos pela utilização exacerbada deste produto.
De acordo com a Diretora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (InCor), Dra. Jaqueline Scholz, o jovem que usa o ‘vape’, pode ultrapassar a média de 17 cigarros convencionais utilizados por um fumante brasileiro diariamente, alcançando o equivalente a mais de 20 por dia.
Cigarro eletrônico é principal causador de câncer precoce, diz pesquisa.
“Cada vez mais recebo no meu consultório jovens de 16 a 24 anos que usam esse produto e têm uma taxa de nicotina no organismo equivalente ao consumo de mais de 20 cigarros por dia”, disse a médica, em entrevista à BBC News Brasil.
O estudo foi publicado na revista científica World Journal of Oncology. Nele, foi apontado que, enquanto os que fumam cigarros tradicionais identificam a doença em média aos 63 anos, quem consome o “vape” pode ser diagnosticado aos 45.
A equipe, composta por pesquisadores de diversas universidades americanas, analisou informações de 154.856 pacientes, coletadas entre 2015 e 2018.
Destes, 31,4% eram fumantes tradicionais, 5% eram usuários de cigarros eletrônicos e 63,6% eram não fumantes.
Os resultados mostraram ainda que o uso do vape é maior entre o público jovem e feminino. Todavia, ainda que tenha sido observado que os usuários de cigarro eletrônico tenham menor prevalência de câncer no comparativo com o tabagismo tradicional, ao surgir, ocorre de maneira mais rápida ao longo da vida.
Em comparação com não fumantes, os adeptos do vape apresentam um risco de câncer 2,2 vezes maior.
A pesquisa também pontuou que usuários do famoso cigarro eletrônico desenvolvem tumores diferentes daqueles que usam o cigarro tradicional.
Os cânceres mais comuns entre esse público foram o da cervical, leucemia, de pele e de tiroide.
Ainda de acordo com a reportagem, um estudo apurou que quase um em cada cinco brasileiros de 18 a 24 anos usaram o cigarro eletrônico pelo menos uma vez na vida, mesmo com comercialização seja proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para a profissional, é explicada este contexto em virtude da mudança nos números de iniciação do tabagismo, que antes eram bem baixos em relação aos adolescentes. “Se não cuidarmos desse problema agora, o uso desses dispositivos tem tudo para virar uma epidemia em breve”, alertou.